sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

Pesquisa da UNESP sobre Microplásticos em Camarões no Litoral de São Paulo



Introdução

A poluição por microplásticos emergiu como uma preocupação ambiental significativa, afetando ecossistemas marinhos e potencialmente a saúde humana. No litoral de São Paulo, pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (UNESP) têm investigado a presença desses contaminantes em camarões, visando compreender os riscos ecológicos e as implicações para os consumidores de frutos do mar.

O Estudo da UNESP

Pela primeira vez no Brasil, um estudo de campo foi conduzido para avaliar o acúmulo de microplásticos em grandes crustáceos, especificamente nos camarões sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri). O objetivo principal foi analisar tanto os riscos ecológicos dessa poluição quanto os possíveis impactos para a saúde humana, considerando a ingestão desse crustáceo pela população. Os dados preliminares são alarmantes: entre 80% e 90% dos camarões avaliados apresentaram algum nível de presença de microplásticos em seu trato gastrointestinal.

Metodologia da Pesquisa

Os pesquisadores do Laboratório de Biologia de Camarões Marinhos e de Água Doce da UNESP coletaram amostras de camarões em duas regiões com características ambientais contrastantes:

  • Baixada Santista: Área com intensa atividade industrial, portuária e pesqueira, sujeita a elevado impacto ambiental.

  • Cananéia: Região mais preservada, com menor intervenção humana, localizada no litoral sul de São Paulo.

A proposta foi comparar como camarões de ecossistemas distintos respondem à exposição a microplásticos. Os camarões, por serem detritívoros — alimentando-se de detritos no fundo do mar —, estão expostos a grandes quantidades de microplásticos presentes nos sedimentos marinhos. Esse hábito facilita a análise de bioacumulação de microplásticos em seu organismo, tornando-os modelos ideais para o estudo.

Resultados Preliminares

As análises iniciais revelaram que entre 80% e 90% dos camarões coletados nas duas regiões apresentaram microplásticos em seu trato intestinal. Embora a quantidade de partículas varie entre os locais, a alta porcentagem de contaminação levanta questões sobre as consequências a longo prazo para os consumidores e para o meio ambiente.

Impactos na Saúde dos Camarões e Implicações Comerciais

A presença de microplásticos pode afetar diretamente a saúde dos camarões, influenciando sua resposta imunológica e até mesmo sua taxa de crescimento. Os microplásticos presentes no intestino desses crustáceos podem gerar uma sensação de saciedade, levando-os a consumir menos alimentos e, como consequência, crescerem menos. Esse fator tem implicações comerciais — com camarões de menor tamanho chegando ao mercado — além de impactos ecológicos, como o estresse desses organismos em seu ambiente natural.

Próximas Etapas da Pesquisa

O estudo também busca avaliar se os microplásticos detectados nos camarões estão se acumulando em outros tecidos além do trato gastrointestinal, como na musculatura, que é justamente a parte mais consumida pelos seres humanos. Compreender se a contaminação por microplásticos afeta a qualidade nutricional dos camarões pode ter implicações importantes para o consumo humano.

Considerações Finais

Os resultados preliminares deste estudo indicam uma contaminação significativa por microplásticos nos camarões do litoral de São Paulo, independentemente do grau de preservação ambiental das áreas estudadas. Essa contaminação pode afetar a saúde dos camarões e, potencialmente, a saúde humana, considerando o consumo desses crustáceos. A pesquisa destaca a necessidade de medidas para mitigar a poluição por microplásticos nos ecossistemas marinhos e reforça a importância de estudos contínuos para avaliar os riscos associados.

FAQs

  1. O que são microplásticos?

    Microplásticos são pequenas partículas de plástico com menos de 5 milímetros de tamanho. Eles podem se originar da degradação de produtos plásticos maiores ou ser produzidos intencionalmente para uso em produtos industriais e de consumo.

  2. Como os microplásticos afetam os camarões?

    A ingestão de microplásticos pelos camarões pode afetar sua saúde, influenciando a resposta imunológica e a taxa de crescimento. Os microplásticos no trato intestinal podem gerar uma falsa sensação de saciedade, levando à redução na ingestão de alimentos e, consequentemente, ao menor crescimento.

  3. Há riscos para os humanos ao consumir camarões contaminados com microplásticos?

    Embora os estudos ainda estejam em andamento, há preocupações de que a ingestão de camarões contaminados possa expor os humanos a microplásticos e às substâncias químicas associadas a eles. Mais pesquisas são necessárias para determinar os riscos específicos à saúde humana.

  4. Quais medidas podem ser tomadas para reduzir a contaminação por microplásticos?

    Reduzir o uso de plásticos descartáveis, melhorar a gestão de resíduos, promover a reciclagem e aumentar a conscientização pública sobre a poluição por plásticos são passos importantes para mitigar a contaminação por microplásticos nos ecossistemas marinhos.

  5. Onde posso encontrar mais informações sobre essa pesquisa?

    Informações detalhadas sobre o estudo podem ser encontradas no site do Programa Biota/Fapesp.

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